quinta-feira, 25 de maio de 2017

Rota dos Faróis... segurança!

A Rota dos Faróis será um roteiro entre Torres e Santa Vitória do Palmar, marcará o farol mais ao norte do Estado do Rio Grande do Sul, e o Farol mais ao sul do Brasil. Com dezenas de Faróis no trajeto, será referência por ser um dos poucos roteiros costeiros viáveis onde o viajante visualiza o mar em tempo integral. Acima, fiz um print da rota informada pelo google maps, porém, se sabe que rota inexistente é rota que ele não sugere, por isto, se apresenta apenas por rodovias.
             Estou correndo para aprontar muita coisa... não é nada fácil organizar uma trip sozinho, especialmente quando ela se tornará um roteiro disponível para todos. Há detalhes sobre a bicicleta que as pessoas não imaginam, há planejamento com variáveis, há todo tipo de receio quando se lida com o clima do litoral gaúcho. Em parte, dependerei de sorte, e tudo isto explicarei com a conclusão. O roteiro por ter como pista uma faixa de areia, pode estar indisponível durante ressacas, ou o vento pode ser contra. E sabemos que acima de 30 km/h de vento contra, já se torna impraticável seguir... neste caso, seria prudente esperar o vento deixar a região. Escolhi a época, mas sucessão de fatos acarretou no atraso do projeto, me deixando mais vulnerável às condições climáticas. Depois, parei para pensar e percebi que este projeto deveria ser realizar justamente em uma das piores condições para que sejam conhecidas as interferências reais que os próximos aventureiros conhecerão. Se vou passar frio, fazer mais força, contar com imprevistos do momento... me parece que estas considerações terão grande valor para os próximos. Me considero um ciclista bastante experiente para ultrapassar os obstáculos que imagino surgirem e possuo um bom conhecimento da região... E lembro que vou fazer esta trip sozinho, por isto haverá um "protocolo" de segurança para algumas situações. Lembro do filme 127 horas e afirmo que aquele foi um exemplo pelo qual jamais devemos realizar algo sozinhos... ou, se o fizermos, podemos recalcular nossos atos para reduzir qualquer possibilidade de perdas. Temos no trajeto... trechos de ausência total de pessoas, em uma região fora de temporada, o que poderia acarretar em horas ou dias aguardando alguma ajuda. Por isto... rota conhecida por pessoas que sabem quando e de onde vc vai partir. Contato informando a localização sempre que houver sinal de telefone se faz muito importante, para que as pessoas saibam pelo menos região aproximada onde vc estaria. No caso de uma emergência, buscas podem ser agilizadas se forem precisas. Tenho estudado muito... vejo docs, leio temas e experiências, observo e acompanho outros viajantes. Amyr Klink é autor e tem frases interessantes... há um pensamento de autoria dele de que gosto muito, e a segunda frase, também dele, é sobre a simplicidade como as coisas podem ser vistas. 

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

"Um dia é preciso parar de sonhar e, de algum modo, partir."

Eu... aos 41 anos tenho mais "certeza" de que pouco sei, ou nada sei... e vou levando a vida, agora, com perspectivas reais, de viver um dia de cada vez, onde o único planejamento é zelar pela minha existência, para que talvez, um dia, eu possa construir obras que sejam alguma referência na estrada de alguém. Prefiro tentar do que simplesmente me ausentar da probabilidade...

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Decisões... Rota dos Faróis

Eu e Márcio, com o modelo de longtail da Art Trike, batizado de longbob. 
           Para muitos... realizar uma aventura não requer grandes reflexões, mas trago comigo observações que aprendi nos anos em que cursei engenharia mecânica e o técnico automotivo. Estas observações me deixam bastante criterioso sobre as decisões... Recentemente li algumas coisas sobre o shimano nexus de 8 velocidades que me fizeram declinar da escolha da longtail verdosa neste projeto. Considero ainda o nexus daquela bicicleta, um dispositivo que merece minha atenção e cuidado... ele esta em teste ainda. E só poderei utilizar o sistema com confiança depois que ele for aberto na revisão, pois somente desta forma saberemos se ele esta realmente no patamar de segurança que todos conhecem nos sistemas de cassete. Confiar, eu confio... não tenho dúvida de que o nexus 8 é uma opção extraordinária, mas não posso arriscar um projeto como a Rota dos Faróis. Portanto, critério é preciso, de outra forma não seria um crítico suficientemente confiável. Isto acontece frequentemente na industria automotiva... não é surpresa alguma que volta e meia uma linha inteira de automóveis precise de um recall. Nem tudo sai como se espera... o ser humano é passível de erro! Foi pensando nisto que decidi pela montagem de uma segunda longtail, com sistema bem mais simples... onde entendo que "menos é mais!", e por isto vamos ao projeto paralelo, que será montado especificamente para esta aventura.

Longtail Art Trike modelo LongBob

              A longtail final... já devidamente com todas as decisões da Art Trike, possui características bem diferentes da Longtail Verdosa. A longtail verde que todos estão acostumados a me ver circulando é chassis número 02, ainda era um protótipo. Penso que aquela bicicleta tinha muito pouco para ser melhorado, mas ela apresenta diferenças em relação a esta preta. Inclusive, sendo um pouquinho mais curta... e isto é bom! Se vc pensar que a bicicleta é uma opção para cicloturismo (também como utilitária), perceberá que em algum momento será preciso transportá-la em um veículo, seja ônibus ou automóvel... e nem pensei em avião. Mesmo que represente um encurtamento bastante modesto, quase simbólico, pode haver algumas situações em que ela esteja dentro ou fora de algum sistema de transporte. Este é o tipo de momento onde todos terão esta preocupação... transporte! Outro grande indício foi a espera para freio a disco... agora há! E havendo, parece bem mais segura. Eu noto, que muito embora os Vbrakes da Shimano sejam de alto nível, ainda assim ao carregar mais peso nela parece não ter a mesma frenagem que numa bicicleta normal. Ao descer a lomba na verdosa, lombas íngremes e longas, se percebem que as sapatas de freio quase fritam... não chegam a passar insegurança, mas se percebe nitidamente a alteração de desempenho em relação aos momentos sem carga. E não preciso dizer que freio é item que deve não apenas ser funcional como também muito eficiente em qualquer condição. No mais, poderei fazer novas considerações somente com a montagem. Estou empolgado para testar uma longtail com sistema de freios dianteiro e traseiro, mesmo que sejam mecânicos. Não acredito que seja necessário utilizar hidráulicos aqui... mas não esta descartada a opção para o futuro. O inconveniente do hidráulico em bicicleta de cicloturismo é a dificuldade de manutenção caso ocorra algum tipo de vazamento, e tal questão se amplia quando pensamos que conduíte hidráulico precisaria ter uns 30 cm mais que os tradicionais. Olha o tamanho da complicação dos freios por fluído...

Por hora, agradeço o pessoal da Art Trike, mais uma vez, pelo carinho e atenção, pelas solicitações sempre bem recebidas. Eu fico sempre surpreso com o crescimento e seriedade desta turma... eles são profissionais, sabem o que estão fazendo. 

domingo, 7 de maio de 2017

O dia em que nós voltamos pra casa...


             Esta é uma daquelas postagens que eu pensei em fazer e desisti na mesma hora, por dezenas de vezes, mas acabei pensando que ela seria maior que eu... e por isto, inevitável. Não é surpresa para ninguém que eu fotografo eventos de bicicleta, de naturezas diferentes, do entretenimento, movimento social, competição e superação pessoal. Estou nesta estrada como profissional por alguns anos... e dela me orgulho. E nunca achei que seriam rosas, contudo, volta e meia tomo um "tijolaço" no peito. Nunca estive tão frustrado quanto a esta face do meu fotojornalismo... até aí isto é problema meu, ninguém nem deveria saber que ando chateado com isto, mas dá pra entender um motivo. Eu vivo de alegria, pois bicicleta representa isto... e de tempos em tempos, me invade o sentimento da perda de ciclistas. É ghost bike, vidas perdidas... quase sempre por quebra de protocolos. Me parece tão simples... não beba ao volante, não desempenhe alta velocidade perto de pedestres ou ciclistas, não se exceda! Será que é papo de maluco? Parece... pois isto não entra na cabeça das pessoas. 
Nós perdemos nesta noite... um ciclista da longa distância. Fazia ele e outros grandes aventureiros da longa jornada, o trajeto de um brevet de 300 km, da Sociedade Audax de Ciclismo. Um maluco motorista, ao que parece, muito louco e talvez alterado por alguma substância, atingiu o ciclista, fatalmente, faleceu no local. Segundo relatos... tal motorista teria realizado a proeza de investir contra os ciclistas na estrada. Não sei ao certo o que aconteceu pq não estava lá, mas foi o que entendi. Com o acidente, ao conhecimento da organização, a prova em andamento foi imediatamente cancelada. Toda estrutura e pessoal, bem como os ciclistas, se retiraram da localidade. Fiquei sabendo apenas pela manhã, mas o acidente ocorreu na madrugada. Ali se adiaram sonhos de superação... e encerraram o sonho de uma família. Sobre o motorista... bem, ele fugiu! Não teve responsabilidade para conduzir o automóvel, menos ainda para assumir o que fez. Se vão identificar, acredito que sim... mas fico pensando quanto adianta isto agora. Pessoas ali perderam alguém... e agora?
Eu fui até o PC onde se concentrava toda galera envolvida... trouxe de lá, comigo, um ciclista + 7 bicicletas. E no caminho... só pensava que alguém não voltaria pra casa. Foi o dia em que nós voltamos pra casa... menos um!