Um abraço e um excelente 2010!
Texto e foto: Roberto Furtado
Alguns componentes parecem menos importantes que outros, mas na verdade qualquer material tem tanta importância quanto um câmbio traseiro. Uma bicicleta é feita de um conjunto, e a ausência de qualquer dos itens transforma a bike em um veículo ineficiente ou incompleto. Pode este componente permitir que a bike se desloque sem grandes problemas, como pode a bike parar sem qualquer chance de trafegar. Uma caixa de direção ruidosa, não impede que o ciclista chegue ao destino, mas reduz muito o prazer de pedalar... em casos mais graves, cuja a caixa de direção se apresenta "trancando", pode acarretar num belo tombo. Nesta questão de segurança, qualquer item, seja simples ou não... é importante, e economizar pode ser o mesmo que perder um passeio. As vezes fico avaliando alguns extras, peças que parecem ser mais enfeitadas do que exatamente boas, mas esta crítica e capacidade de avaliar pode estar relacionada ao bom e ao mau biker. Bom e mau no sentido da compreensão e entendimento no assunto, não em caráter... interprete o contexto do assunto. A diferença de um bom biker não esta no bolso, pois ele pode ter uma bike extremamente simples aos olhos de um comércio e de outros colegas, mas a prova de que ele fez boas escolhas esta no número de vezes em que ficou na mão. É comum ver bikers empenhados com bicicletas de renome, como trek, scott, gt, cannondale, etc... Geralmente as grandes marcas estão prontas ao sair da loja e enfrentar grandes distâncias sem qualquer impecílio, mas após uma série de manutenções necessárias e mau executadas, transformam-se em lixos ciclisticos. Isto me lembra uma situação onde comprei uma trek 4000, onde não havia outra maneira de recuperar a bike. Troquei tudo... não deu pra aproveitar nada! Salvei a bicicleta da extinção e dei nova vida a ela. Vendi esta bicicleta, e hoje seu proprietário é um biker feliz. Comprei relativamente barato, mas gastei tanto para ressucitar a bici, que praticamente a vendi pelo valor que me custou. Alguns pensariam que eu seria um tipo de louco... até com vocação para trouxa, mas gosto tanto de bicicletas, que até a restauração me deixa feliz. Não gosto de fazer com pressa, gosto de curtir, refletir... ver aonde vai acabar. Se não fica bom, volto, refaço o caminho, tento chegar próximo do desejado. É surpreendente o que as pessoas fazem com os carros, mas é mais notável ainda como sabem destruir bicicletas... não com o uso exatamente, mas com o descaso, escolha ruim de peças, a legítima falta de consideração com algo que só traz felicidade. Para conservar bem a bike é necessário refletir antes de trocar alguma peça, pois existem motivos de sobra para que uma bicicleta venha com uma certa composição de peças. O fabricante nem sempre é apenas um "desvairado" que visa lucro, ele também objetiva a satisfação do comprador. É o caso clássico as marcas citadas antes, que mesmo com composição simples nos modelos de largada, usam componentes e peças de qualidade e durabilidade satisfatórias. É difícil de compreender um motivo para não dar manutenção na bike, pq se ela parar, você volta para o ônibus ou para o carro. O km rodado em uma bicicleta é tão barato, que talvez seja mais barato do que contabilizar o consumo do solado do tênis gasto se você percorrer a mesma distância a pé. Reflita! Bicicleta é meio de transporte, meio de lazer, meio de vida... vida saudável, vida colorida, opção de desprendimento, onde o biker contribui para um planeta mais bonito e limpo. Uma bicicleta muito danificada é a garantia de retrocesso e sustentação de um sistema que esta nos arruinando. Mantenha, cuide de sua bike! Nós precisamos dela por estes motivos que descrevi. Se você lubrifica as peças com certa frequência, há uma chance muito grande de que estas peças durem pelo menos 30% mais. Estes 30% representam uma economia no seu bolso, e menos poluição! Não pense que uma peça polui somente quando vai ao lixo... esta peça que você tem na bike, e vai jogar fora, precisou de um processo industrial bastante poluente, como todo industrializado, especialmente compostos poliméricos. Poluimos a água usada no processo de fabricação, no processo de obtenção do material, no transporte... em tudo que se fez para chegar ao processo final. Cuide da sua bike!

Algumas fotos arrancadas da net de ciclocross (cyclocross). Nada contra mtb, pelo contrário... o mtb foi a grande explosão do ciclismo radical e suas propostas. Tive um penca de MTB's, e ainda acho ela a melhor de todas quando o assunto é versatilidade. A pergunta que me fiz... Se o MTB tradicional usa aros 26", pq estão fazendo MTB's de aro 29? Talvez pq o aro 29, bem como o aro 700, sejam melhores para ultrapassar pequenos obstáculos... roda maior, maior diâmetro, maior facilidade de se transpor sobre os obstáculos. Ou seria apenas uma jogada comercial das grandes marcas? Sim, poderia ser... pq as bikes 29" custam muito $$$ ainda, e haveria de ter uma justificativa para cifras maiores. seja como for, acho toda forma de pensar bike, uma excelente proposta, vale ouvir e experimentar cada uma, e tirar suas próprias conclusões. Não tem nada pior que repassar aquilo que se houve, interpretar é uma qualidade que deve ser exercitada.





O proprietário apareceu nas fotos desta vez... flagrado pelo companheiro de devaneio. Muita velocidade, fotos borradas, detalhe de foto da foto sendo tirada, coisa de quem não tem nada pra fazer! rsrssrsrs É, nós somos assim, quando não estamos trabalhando, estamos "devaneiando", sobre bicis, é claro! Feliz de nós que temos sobre o que falar, e escrever, bem como fotografar. Pq hoje em dia, até este tipo de hobby esta difícil de manter, não sobra tempo para nada.Tempos difíceis... sobre o aspecto do tempo.


Mais uma clássica encontrada no bike forum. Curioso é que aqui não se valoriza este tipo de bike, e lá fora os malucos se matam para conseguir botar a mão numa relíquia destas, depois gastam 2 bicicletas novas em cima dela para recuperar. Veja detalhes como a cromeação do garfo, perfeita. Um pedevela antigo, campagnolo, bem como o restante do grupo. Imagina quanto voa esta magrela... e pensar que nesta época, tinhamos apenas caloi e monark 10 por aqui, e raramente apareciam coisas melhores, a preços salgadinhos, é claro!Sentimentos em todos os tempos
Tempo de amar, tempo de sorrir, de chorar, viver e morrer. Viver é morrer, conhecer e aceitar. A vida é a chance que o tempo sem graça fez pra ti ver feliz, pra simplesmente se alegrar ao observar. Somos explosão de sentimentos, do beijo dado a quem amamos, a último aperto de mão e enfraquecimento de lembranças daqueles que nunca mais "vimos". A vida é cor, mas a cor precisa do teu olhar para viver... viver é essencial a cor, pois ela existe para ser apreciada. O acaso nos fez para apreciá-la, pq não sei como precisar a ordem... qual intenção nasceu primeiro? Quando for tempo de chorar, chore, em tempo de sorrir, sorria... tudo necessário, importante como um ecossistema. Somos pedacinho de um e outro, amamos e sentimos por uns e outros, interagimos em reação a ações que pensamos inexistir. A vida é confusa, é sim, tão confusa quanto isto que escrevo, mas vida é um oceano de empolgação e de sentimentos. Saborear o colorido do verde de uma folha jovem contrastado com o céu de intenso azul, é como beijar, como apreciar o doce sabor de uma maça. Sinta o sabor, a cor, o vento... o vento é o fenômeno climático mais bonito que já senti. Vento é carícia sobre a pele do rosto. Carinho que a natureza criou pra afagar seus filhos...
Roberto Furtado
Bisbilhotando o forum das clássicas, me deparei com esta imagem... fiquei em dúvida se este cara é biker, ou fotógrafo. Achei a foto muito expressiva, limpa e sugestiva. Um lugar, uma bike, uma máquina fotográfica, eternização do momento!


Gelson e eu... foto de Raul Grossi Toda vez que começamos um Audax, pensamos que sabemos tudo, que tudo sairá como imaginamos, baseados nas provas anteriores. Um engano é o que pensamos sobre isto... toda vez é a vez de uma nova gama de acontecimentos, uma nova oportunidade de aprender. Comecei pedalando devagar, acompanhando os amigos Ewerton e Gelson, cúmplices de provas anteriores. Em experiência de prova me localizo exatamente entre os dois, e os observo para que a referência me dê os parâmetros de bem estar, desempenho e tudo que esta relacionado a uma prova. Logo após o 2º pedágio, acesso a charqueadas pela estrada estadual, nos separamos, e cada um fez seu ritmo. Nada de especial para nenhum de nós. Logo em seguida, resolvi apertar o ritmo para fazer umas fotos na ponte alta, aquela que fica antes de General Câmara. Durante este trajeto, passei por uma lombada eletrônica que curiosamente marcou 32 km/h, mesma velocidade que se mostrava no meu ciclocomputador. Para mim, um ritmo bastante alto, especialmente por portar pneus 26 x 1,95. Adiante, senti um pequeno peso na bike, e a bolsa de touring do bagageiro encostou na parte de trás da minha coxa esquerda. Me causou estranheza, e logo vi que a haste de "aluminio" que fixava o bagageiro ao quadro, havia se partido. Desci da bike e olhei para a pecinha maldita... percebi que a bolsa se apoiara no meu freio, freiando a bike, além de ficar meio ao estilo "já vou cair". Chamei-a de "#*@:(#!", soltei o cabo do vbrake traseiro, e sentei na beirada do acostamento... um pequeno barranco. Um lugar muito bonito, com banhado, e ao longe se via a ponte alta. Resolvi comer os sanduíches carinhosamente "fabricados" pela querida companheira. Uma bebida isotônica (não faço propaganda de graça) muito saborosa acompanhou o sanduíche. Fiquei ali pensando nas coisas, naquela natureza, e de como teria sido um dia aquela região. Meu avô nascera em Santo Amaro, por isto tenho a localidade como algo especial... quase espiritual, por assim dizer. O pessimismo foi amassado por um otimismo, e pensei que o bagageiro me faria falta, mas não me impediria de prosseguir e completar a prova. Me organizei, arrumei a bagunça, guardei a garrafa vazia e a embalagem do sanduíche na bolsa, e retomei a pedalada com o bagageiro dançando. Cheguei ao PC e retirei o bagageiro com bolsa e tudo (máquina fotográfica, ferramentas, todo material que levo para reparo, uns 4 kg ao total), e entreguei a esposa de um amigo. Recoloquei a placa na bike, pois estava presa ao bagageiro, carimbei meu passaporte e retomei a viagem. Fiz média alta neste trecho, queria recuperar um tempo perdido. Na última descida que antecedia a última subida... embalei sem pedalar, imóvel atingi 60 km horários, aproveitando ao máximo todo rendimento de minha bike reguladinha. Cheguei ao PC 2, comi uma massinha no pesque pague panorama. Bebi uma preta cola, enchi minha garrafinha de 500 ml, e toquei em frente. Na descida, senti que algo segurava a velocidade. O vento era forte para quem pedalava, e o peso nas pernas era evidente. Preocupei-me com a hidratação, pois agora tinha como levar apenas uma garrafa de 500 ml. No Ponto de apoio, fiz uma pequena pausa, e molhei bem a cabeça para baixar a temperatura do corpo. O sol era forte em alguns momentos, associado ao vento, secamos! A hidratação era muito importante, e eu tinha apenas a pequena garrafa de "merda". Confiante, mas com um pouco de sede, cheguei ao PC 3... onde tomei uma garrafa dágua, uma garrafa de suco, e percebi que não caberia mais uma gosta de líquido em meu estômago. Enchi a garrafa e parti do PC 3 em direção ao destino final... sem parar, mas com médias entre 20-22 km horários, contra o vento, passei por alguns colegas, pensando que eles teriam vantagens que eu não tinha, e por isto não poderia me dar o direito de parar. Passei pelo pedágio da BR-290 e acenei para alguns colegas, mantendo o ritmo e focado no meu objetivo. O trajeto entre este pedágio e o viaduto elevado da BR-116 pareciam eternos... as vezes sentia dor nos braços, mas acredito que fosse por causa da tensão em que me encontrava. As pernas fracas... clamando por energia, não faziam mais do que 18-20 km por hora. Quando atingi a BR-116 logo me surgiu mais uma esperança... não tinha como não conseguir. Tomei o último gole dágua que havia na garrafa, e aproveitei o pico de alegria para ser motivado. Neste momento, o vento pareceu ajudar, pois eu havia mudado de direção. Com o vento soprando fraco, pedalei suave com velocidade acima de 23 km por hora. Na subida lenta sobre a ponte, uma espectativa boa na descida. Pouco a pouco eu me aproximava da ponte do Guaíba. Na ponte, uma pequena subida antecede... e eu senti fraqueza. Não consegui subir a lomba, e parei praticamente no topo. Não conseguia mais pedalar, faltou energia... senti-me tonto, e me segurei na proteção de ferro que havia no acostamento da ponte. Parei um minuto, e senti que passara a tontura, e que as pernas aguentariam mais alguns metros. Fiquei atento ao movimento dos veículos sobre a ponte, e desci a lomba, fiz os retornos e cheguei ao DC navegantes onde havia a recepção, posto de controle final e "COMIDA e BEBIDA". Meus pais, irmã, esposa, e os amigos Raul e Ewerton, me aguardavam. Olhei para minha esposa e disse: "preciso de um salgado e uma preta cola!"Este foi o Audax mais difícil que já fiz, nem mesmo o Audax 300 me deixou tão a beira do fracasso.O resumo da história é uma lição, devemos redobrar a atenção sobre os problemas que podem surgir, pois estes destroem nosso emocional, nossa estrutura. Na falta de algo, uma cascata de acontecimentos se apresenta, e é preciso ser muito mais equilibrado emocionalmente, do que forte fisicamente. Agradeço de coração a família e aos amigos pelo apoio e crença, e aos colegas de prova pela motivação por ali estarem. Em especial a organização e aos voluntários, por esta prova bem estruturada, e dedicação gratuita. Um abraço e até a próxima (sim, haverá uma próxima!).
Roberto Furtado
Alguns colegas que chegaram a noite...
Alguns colegas que chegaram a tarde...


Antes da largada
Inciada a vistoria das bikes
Entrega dos kits
Briefing realizado no sábado