Fotografia: Roberto Furtado/Rita Ferreira/Revista Bicicleta |
Um mundo melhor é o desejo de todo vivente. Um dia alguém lançou a pergunta sobre quem sou eu, na intenção de entender a si mesmo. E com esta questão vieram teorias, psicologia, evoluiram estruturas sociais, prédios altos, também o automóvel, sonhos de fazer um ônibus voar (chamamos de avião) e na atualidade nos "banhamos" em ferramentas tecnológicas como esta onde escrevo com o "dedilhar" do que chamamos de teclado. Não esquecendo que o computador é uma ferramenta antiga se pensarmos em "perfumarias" da tecnologia moderna, nos exemplos de Ipad, Ipod, Tablet, cameras digitais que descobrem sua localização e identificam sorrisos. Nós chegamos em um ponto onde os desafios foram atravessados, nasceram outros desafios, e vamos tentando superar tudo na medida em que podemos. Lidamos com tecnologias como se fossemos íntimos e dependentes dela, usamos os veículos como máquinas de transportar humanos, animais e objetos como se fosse preciso tanta pressa. Olhamos para nossos amores e amigos como se tivéssemos a certeza de que os veremos amanhã, ou que a vida é longa como só a certeza pode garantir. O humano perdeu a noção das coisas quando a tecnologia chegou... a gente se perdeu! Alguns de nós, não... alguns de nós buscam razão em meio a confusão. Buscam bicicleta, cotidiano menos influente em prejuízos do nosso espaço, buscam paz, e tentam semear esta entre o convívio de trabalho, escola e comunidade. Tem muito tempo que homens pegam em armas, tem cansaço quando pensamos nisto... parece que o homem não aprende sem bater com a rosto no chão, sua queda é sempre inevitável. O mais inteligente e capaz dos animais, autor de filosofias tremendas é incapaz de garantir que seus semelhantes cometam atrocidades, erros diversos! Se Freud, Mandela, Jô Soares ou Caetano, ou Ana Maria ou quem quer que seja, não conseguem alimentar esperança nas pessoas, sem previsibilidade de quem somos nós, talvez seja pq nem todos nós possamos ser algo melhor. Não estamos prontos, não somos preparados. Como entender os problemas da fome sem passar por ela? como entender a violência por um sistema penal inadequado? como aceitar que o trânsito mata mais que a maioria das doenças que existe? Em meio a tentativas, frustradas, penso sempre quando subo na bicicleta. Talvez seja preciso convidar toda sociedade a subir na bicicleta, e somente então após algum período permitir a habilitação de condutor de veículo automotores. Em meio a perguntas que posso fazer apenas para mim, busco respostas. Quem sou eu? Começo a responder a mim mesmo, na linha do pensamento e ordem das palavras... sou Roberto, filho de Silvia e Newton, casado com Caren, fotógrafo, estudante, "sonhador", motorista com habilitação para carros, ciclista contemporâneo... Ciclista contemporâneo? Ciclista que conhece e tenta conhecer os problemas do século 21 e desta forma equilibrar o que preciso melhorar para ser alguém melhor. Acho, sem pretensão de certeza, que preciso mudar o mundo. Acho que exemplos devo dar, e com a bicicleta ensinar. A jovens, adultos e velhos... pq o mundo é de todos e pra todos. O trânsito tira a vida das pessoas pq alguém deixou de estar atento, ou pq alguém infringiu uma lei, ou pq abandonou ou não tinha sensibilidade para perceber que algo podia dar errado. A bicicleta ensina tudo isto, posso não ter aprendido ainda, mas percebo que ela me ensina. Se me perguntam se acredito em todas as pessoas, digo que não. Alguns são incapazes, mas não desmereço, não estou aqui para perder tempo com isto. Se me perguntarem em que acredito... digo que acredito em você, que lê estes devaneios e consegue perceber que as palavras podem fazer algum sentido. Você que sobe na bicicleta e consegue sentir o vento no rosto, e questionar um estilo de vida, mudar! Você que vive de lá pra cá, chora, sofre e sorri com a bicicleta, também por árvores, animais e outras pessoas. Você já não é o que pensa... você é um ciclista contemporâneo capaz de sensibilizar o próximo. Nós somos assim...
Roberto Furtado
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