As vezes me pergunto se ocorreu motivo para ter escolhido este ofício. Meu avô foi fundador do primeiro clube de fotografia do RS. Um dia quando fazia o curso no Foto Cine Clube Gaúcho, entreguei ao presidente a carteira de sócio fundador que continha o número 04. Naquele tempo, existiam fotógrafos diferentes do que estes que exercem a profissão. Tudo mudou, mudou muito. Entendi a fotografia no conceito do filme de 35 mm. Vi meu pai fazer filmes em uma super 8 que fazia um barulho parecido com de uma máquina de costura. Temos ela guardada até hoje. É estranho que eu tenha optado por esta profissão tão tardiamente, mesmo ocorrendo influência do meio, já que minha mãe também adorava fotografias. A influência vinha de ambos os lados. Meu pensamento era... todo mundo adora fotografia, deve ser apenas um hobby latente por externar. Enquanto criança, caminhava sobre dunas, banhados, e pensava que todos viam as mesmas coisas. Até que percebi que prestava uma atenção diferente, saboreava a "engenharia" das formas, contornos, profundidades e cores. Os animais, especialmente os intocáveis... estes eram o grande sonho de observar. Ouvia histórias de um peixe que na minha mente se montou como lendário, e o persegui por anos. Até que pude colocar as mãos nele, e saber a textura. Ele brilhava como ouro, comia siris, e era grande como diziam os contos. A fotografia é uma ponte entre a memória e o intocável presente. É nesta mágica que mora uma parte da minha formação pessoal, que se relaciona com a fotografia. Em tudo é possível tirar a lembrança, a eternização. No céu das praias mais desertas do Brasil, o entardecer, a certeza de estar sozinho em lugar algum onde o sol brinca com as nuvens, se despede dizendo que a amanhã tem mais, de outras cores, outros formatos, outros sorrisos. Se sou um sonhador, e assim chamado... não me desespero e nem me frustro, fico feliz. Sonhar faz um fotógrafo melhor, um escritor melhor, um cidadão melhor... talvez um lunático que vive preso a felicidades que inexistem na selva de concreto. Não me assusta o presente, mas me preocupa o futuro, então tomo uma dose de fotografia, e renovo a esperança.
Não é Facebook, mas curti! Vitor Matzembacher
ResponderExcluirNao é Facebook, mas curti!
ResponderExcluirGostei muito do teu texto.
ResponderExcluirA sensibilidade parece estar aflorando cada vez mais no que escreves. Que bom!
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