Bom, parece agora que os projetos estão andando a todo vapor... na verdade não! Muitos destes projetos de reforma que venho descrevendo e detalhando aqui no blog estavam se arrastando há muito tempo. Alguns motivos me parecem claros, mas quem esta acompanhando a distância não percebe alguns problemas que o "aventureiro reformador de bicicletas" passa durante estes processos. Esta Nishiki Manitoba 1994 pertence a uma geração de bikes que julgo muito especial, estas bicicletas da década de 90 perteceram a uma época onde houve uma explosão de fabricação de bicicletas. Algumas grandes marcas nascidas antes ou durante a última década do século 20, fabricavam grandes bicicletas com a melhor das intenções. Mal sabiam eles que aquele período seria passageiro e conturbado, e que o consumismo sofreria tantas variações até a virada para o século 21. Sem saber disto, fabricaram bicicletas que podem ser encontradas até hoje em fundos de garagem, ou abandonadas em bicicletarias, ou até mesmo em lixões aguardando a reciclagem. Um crime deixar que uma peça de Cr-Mo termine no lixão de Fe para ser transformado muitas vezes em aço de obra, algo tão desqualificado se comparado ao Cromoly. Certo dia passeava eu pelas páginas do mercado livre e deparei com este quadro Nishiki, pedia o vendedor aproximadamente 120 reais para quadro e garfo originais, sem qualquer acessório. Resolvi fechar com ele e fui logo comprando este brinquedo... mandei pintar com pintura a pó (eletrostática) na cor prata. Depois começou uma novela que demorou meses para terminar. O maldito canote 26.2 mm não se encontrava em lugar algum aqui em Porto Alegre. Foi o causador de minha frustação com as lojas aqui de Porto Alegre, pq sempre que eu perguntava sobre este tipo de medida era praticamente desencorajado a procurar. O tratamento também não era bom... Me enchi desta história e comecei a procurar em outros Estados, em São Paulo encontrei relativamente fácil. A bicicleta recebeu o canote Zoom de medida supostamente impossível de se achar, e neste instalei o banco Velo Plush, priorizando o conforto. A intenção era fabricar uma bike "busca o pão ali pra nós" com excelente qualidade e conforto, mas sem custar muito e sem chamar a atenção de "afanadores" (estes que pegam as coisas da gente sem pedir). Coloquei rodas sem blocagens, pneus grandes, parafuso com porca pra fixar o canote de selim, desta foma a bike precisaria de chaves de boca para ser desmontada. Também coloquei um guidão alto, juntamente com uma mesa alta, que mesmo sendo um quadro com frente baixa, passou a ter altura suficiente para oferecer conforto. Um cambio traseiro novo e simples, shimano torney, bem como maçanetas de freio, vbrakes e movimento central shimano selado, novos! O restante das peças, como trocadores, cambio dianteiro, pedevela, mantive os da época... funcionam perfeitamente, mas não apresentam aquela cara de produto novo, que chama mais a atenção dos "afanadores". Levei para o amigo Tchaka, ele montou tudo e fui buscar... na volta pra casa vim me deliciando com a bike. Boa de andar, simples, perfeita para escapar de "afanadores"! Projeto 100% aprovado! Agora falta apenas escolher um bagageiro dianteiro ou traseiro, colocar paralamas, etc...
Texto e fotos: Roberto Furtado