Outro dia chovendo... mais um dia olhando para a TV ou para o computador. Era para ser uma semana especial, sem muito o que fazer. Cidade vazia, feriados que garantem carros nas estrada, e um raro momento da selva de pedra nomeada de Porto Alegre. Dias consecutivos de chuva, tempo feio, céu cinza aveludado sem nitidez. A máquina de um fotógrafo suspira, não há nada para registrar. Não há cores, nem uma boa luz, não há mágica, nem sorrisos. Não há nada! O fim do mundo chegou em forma de decepção para alguém que gosta de duas distintas ciências da engenharia, rodas raiadas e impressão da luz sobre o fragmento do tempo. Bicicletas e fotográficas se parecem, se distanciam na comparação. Bicicletas fazem sorrisos e recordações dentro da mente. Máquinas fotográficas fazem sorrisos e recordações em papel. A lembrança é arquivada de forma diferente, talvez nenhuma delas supere a outra. Hoje, chove outra vez. Eu aqui, dedilhando teclas de plástico, esperançoso pelo manhã. Desejo subir na bicicleta, nem calor demais, nem chuva! Registros, estes é o que sei fazer... cada momento um tipo, um estilo, um foco. Cada clique, uma pequena fração do tempo que congelo, brinco de deus. Quando não posso, me deprimo, lamento. Nas ruas, a chuva pinta a cidade de cinza, rouba o amarelo do sol, e eu como um pequeno animal, me entoco. Me acovardo, me desespero, ansioso pelo Deus amarelo. Se há heroísmo em cada profissão, talvez seja a oportunidade de redatores escreverem sobre sentimentos em dias de chuva. Se há sentimento, há esperança, pois é na variação das condições que novas idéias surgem. Sigamos, com chuva ou com vento, façamos planos. Esbocemos nossos sentimentos, nossas angústias diante a selva de pedra, agora pintada de cinza por um alguém que não vemos. Quando eu era criança, em dias de chuva, via desenhos na televisão, ouvia histórias, brincava com playmobil. Agora, adulto, ainda anseio por um cessar chuva, mas os brinquedos são outros. Brinquedos que não posso usar, pq a chuva veio e não vai. Nostalgia é um sentimento. De resgate, perda, passado... as referências são aquelas que temos, lembramos. Nostalgia é uma força estranha de valorizar o que já não é presente. É uma tentativa de valorizar o que se perdeu, pode ser o lamento dos tempos, dos ventos, a virtude que sopra em cataventos como a transformação da energia. Do vento a eletricidade... do lamento a esperança!
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