A condição de fotógrafo oferece uma "cadeira" especial de observador. A banalização da figura que ali se encontra, dia após dia registrando os momentos dos atletas nas pistas, torna o profissional quase invisível para o público e indiferente para o competidor. Neste momento aparecem vantagens que raramente são vividas por aqueles que se tornam fotógrafos ou observadores eventuais. Flagrar cenas incríveis, momentos do "sangue nos olhos", é uma tarefa que exige paciência. Como em uma pescaria... você coloca a linha na água, e espera, espera, espera, até que acontece! Entre o peixe grande e o atleta que oferece um momento especial para a eternização há uma única diferença. A garra por demonstrar superioridade. Tem muito tempo que cuido o esporte com os olhos de um observador sedento, e algumas vezes me surpreendi. Foram tombos espetaculares, vitórias incríveis, e manobras audaciosas. Em todos os casos, podemos dizer que houve gana, sede de superação, sangue nos olhos, ou faca nos dentes. Vence aquele que consegue fazer um máximo que inibe todo trabalho do concorrente. Nas pistas, uma fina linha divide o sentimento de amizade e a garra por vencer a qualquer outro. Saber onde fica esta linha requer muita sensibilidade, algo que no downhill se percebe com clareza. Ocorre com eficiência! A mero exemplo do DH, os rapazes radicalizam. Alguns pensam no tempo, outros fazem mais bonito, alguns são perfeitos para transpor obstáculos, mas nem tão rápidos. Vencedor é aquele que junta tudo que resulta no menor tempo, consome os metros com o tal sangue nos olhos, imbatível, invencível pela própria natureza. O gosto na boca é um mistério, deve ser de sangue! Cara de mau, dentes apertados, olhos cheios dágua pelo vento e trepidação. Os punhos, dormentes! É o excesso que impede a circulação do sangue... afrouxar? Nem pensar, derrete este pneu, soca a suspa, desliza nas pedras e troncos. Definitivamente, poucos entendem, poucos enxergam... eu estive lá muitas vezes. Vi que a vitória é dos bárbaros. São meninos quando desmontados das bicicletas, rudes, violentos, sangrentos sobre os cavalos da tecnologia. Os meninos... são bárbaros! Acontece no esporte uma transformação, os meninos são bárbaros!
Sábias palavras! As fotos que tenho arquivadas que tirasses do cross country são ótimas! Continue assim! Parabéns! César Castro (3º colocado no Campeonato Gaúcho de Cross Country/2012)
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