sexta-feira, 23 de agosto de 2013

As montanhas e a bike... por Egon Filter




Quando se têm amigos fotógrafos com variados tipos de perfil, descobre-se junto com eles um universo ao ver as fotografias de viagem. Egon, amigo que conheci através de uma amiga da fotografia, costuma viajar com frequência. Não é profissional da fotografia, mas tira fotos como tal... aliás, fotografa melhor que 2/3 dos meus colegas fotógrafos. Isto indica experiência e dedicação, embora a fotografia seja um hobby na vida dele. 
Ele escreveu um email que para mim é uma carta modernizada pelo uso da rede, mas num estilo "diário de bordo" que gosto muito. Com a aceitação dele, resolvi compartilhar com vocês um pouquinho desta trip que envolveu a bicicleta e vales verdejantes. Texto entre aspas... muei a fonte para evidenciar o texto dele. 
Aproveito para agradecer o material passado, a lembrança, e deixar um abraço para o amigo. 

Abordagem: Roberto Furtado

"As montanhas e a bike
Elas são ondas de dois grandes oceanos de rochas, monumentos da eternidade, criando vales míticos entre o céu e a terra: elas são as cordilheiras de montanhas Tien-Shan e Pamir. Este é o coração do Kyrgyzstan. Um viajante do séc VII já alertava que estas montanhas que alcançam o céu são o lar de dragões que molestavam quem por aqui se aventurasse... Pois o acampamento foi montado em um vale a 3200 m de altitude. Chegamos de tardinha, com o tempo nublado e chuviscando. Somente no amanhecer, com o céu limpo, foi possível visualizar o esplendor do lugar: espremido entre as montanhas, estavam as barracas e o ruidoso rio que descia das geleiras. Uma cena de guardar na memória.
Peguei a bike, mochila day-pack nas costas, e vamos de down-hill. A sensação do vento gelado no rosto, sol que aquecia o corpo e um azul profundo do céu eram indescritíveis. Eu passava por vales e montanhas, rios e estepes, yurts e rebanhos de cavalos da Ásia Central – uma maravilha. Pura curtição.
À medida que as horas se passavam, o que era puro prazer começou a ter outro formato, com dores musculares nas pernas e braços. A amplitude térmica também não foi fácil, uns 0 graus na largada de manhã cedinho e já andava na faixa dos 38 graus nas primeiras horas da tarde. Larguei de mão nos 60km de um total de 75km planejados, pois começaram a ter mais subidas que descidas – acho que me passaram a conversa de que era down-hill..."

Textoe fotos: Egon Filter 

www.egonf.com

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