As bicicletas... elas são as mesmas em todo lugar. Em Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Uruguai, etc... Elas são sempre estruturas que ligam rodas capazes de girar e consigo levar para longe. Em lugares distantes a social bicicleta consegue expressar uma democracia limpa... sem interesses, pois dela surge sempre uma intenção que não se relaciona com nada, e ao mesmo tempo com tudo! Você vai aonde quiser, com quem quiser, sozinho, com ou sem motivo... Não precisa colocar peso de uma vida urbana, mas nela faz muito sentido viver sobre a tal bicicleta. Aonde vou deixar o carro? Não tem estacionamento disponível... o ônibus passa a 4 quadras daqui! A bicicleta se gruda a um poste nas ruas e se torna parte da "paisagem" urbana. Não fere, não questiona, não impede... viabiliza oportunidades!
Em New York as pessoas passam de lá pra cá com bicicletas novas e antigas, algumas velhas e decadentes, outras pura poesia de décadas 50, 60, ou 70. Elas funcionam, elas giram, elas transportam seu humano com aspirações e pressa, com conforto, vento no rosto! Não há porém... apenas chuva! Para quem vive as ruas com outro pensamento, há um espaço temporal que permite raciocinar, refletir sobre outras questões, ou apenas apreciar. Lembro e penso que é difícil de explicar... certa vez havia vento, gotas da chuva batiam no rosto. De início achei ruim... quando me acostumei, senti-me vivo. Nunca poderá ser descrita uma realidade sem que ela seja vivida por um vivente sobre bicicleta.
As ruas de New York, contrastam com bicicletas, aceitam-nas! Algumas marcas que jamais havia visto, outras quase um mito... Schwinn de Chicago. Aqui, nos Pampas, jamais havia visto. Lá, são dezenas vistas em um passeio. De todas as marcas, conhecidas ou não, aço, cr-mo, alumínio, carbono, qualquer natureza no uso da mobilidade. Coisas que só presenciando acreditamos... algumas, abandonadas pelo esquecimento ou mudança. Pessoas que vão, sem ter onde guardar, as deixam acorrentadas sobre as calçadas pela eternidade. Agora são enfeites... talvez na espera do retorno, talvez apenas observando, sendo observadas por curiosos como eu. Old bikes são poesia que escorre corrosão sobre as calçadas, pingam, mancham o calçamento. Denuncia do tempo que estão ali? Sim, para os sensíveis adoradores da bicicleta, para aqueles que registram o tempo e o vento sobre os objetos, pessoas e estruturas... uma questão fotográfica! A vida é tão estranha... perguntas vão e vem, indagam a nós mesmos, pq estamos aqui, ali, estivemos! Sabe de uma coisa, pensamos sobre as coisas como ações do vento do acaso que traz e leva... somos nós que vamos e voltamos ao sabor do vento, quando sempre insistimos em pensar que somos autônomos. Não somos... somos guiados por nossa natureza, despertados pelo destino revelado. Somos folhas ao vento... como bicicletas de Nova Iorque.
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