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Bem... esta postagem foi motivada pela aquisição de uma bicicleta que para mim é importante marco da década de 90. Quando eu era apenas um menino, adolescente, despertei para um estilo de bicicleta que até hoje me tira o ar... As road bikes da década de 90 são impressionantemente bonitas. Um fenômeno que aconteceu neste período fez delas elegantes como sempre foram, com tecnologia robusta e funcional e com os atributos de um acabamento que é bem evidente deste período. Aliás, neste segmento ciclístico, considero a fase mais perfeita da harmonia de design das road bikes. Nas MTBs isto não me parece ser bem desta forma, pq o conceito das "mountain" mudou muito. Hoje vemos algumas road fabricadas exatamente como a 15 ou 20 anos atrás, comprovadamente na Interbike 2013, mas as mtb não são mais as mesmas, e me parece que os atuais modelos fabricados em Cr-Mo (que são uma minoria), superam as da década de 90. Digo isto pq quando vi a KHS Dragon 29" fabricada em Cr-Mo Reynolds, percebi que esta representante citada é uma obra de arte, supera sim a grande maioria da década de ouro, como gosto de citar a última década do século 20. Se as MTBs resistentes do século 21 estão em vantagem, por outro lado as road bikes deste século não parecem superar as obras de arte da década de 90. Para os recém chegados neste blog, vale lembrar que aqui falamos de bicicletas fabricadas em Cr-Mo, sem desmerecer o propósito atual do alumínio, carbono, titânio e outros materiais tidos como tecnológicos atuais. Obviamente isto é o parecer crítico e pessoal de um entusiasta que tem próprios motivos... começam pela paixão ao material (Cr-Mo), vão em direção a perfeição do acabamento da proposta, e terminam nas vantagens oferecidas aos ciclistas que tem outras propostas de vida quanto ao uso de bicicletas. Nem todo mundo esta preocupado em chegar primeiro ou ter uma bicicleta de 30.000 reais, mesmo que a questão não seja o valor relacionado.
Recentemente, um amigo publicou na lista de classificados do POA Bikers, uma bicicleta que sempre me atraiu muito. Em 1995, quando eu era aquele guri a caminho da maturidade, descobri a paixão pela velocidade e pela arte ciclística. Naquele tempo as lojas eram bem mais modestas, embora existisse muito material de alto nível, como as TREK 5500, fabricadas em carbono, vistas na revenda oficial de Porto Alegre. Embora muitos ciclistas tinham interesse verdadeiro por tecnologia e pelas altas cifras que ela sempre representou, eu já era diferente... eu sonhava com uma TREK 370 ou uma TREK 470, esta segunda já foi reconstruída aqui no Bikes do Andarilho. Ambas eram fabricadas em aço nobre, do hi-tensile ao Cr-Mo, dependendo do modelo, ano, e parte do frame. Naquele tempo cheguei a encomendar a TREK 470, somente o frame, pois na loja havia somente bikes montadas, mas veio errado, e eu topei a aquisição de um TREK 2000. O modelo 2000 era fabricado em aluminio EASTON, totalmente colado, sem soldas. Era um primor tecnológico que eu desconsidero na atualidade, mas na época fui convencido de que era uma grande coisa. De fato, era... até hoje é uma grande bicicleta, mas é um projeto que não preenche minhas expectativas ciclísticas. Os princípios e perfil de um ciclista evidenciam-se por suas escolhas... cada qual, com as suas, afinal, o mundo é livre (ou deveria ser). Quando o mecânico do Dudu Bike, Nathan Keiler anunciou a bicicleta, tive uma pontinha de esperança, mas na data eu não havia nenhum $$$$$ no bolso. Então, os dias passaram e felizmente consegui recursos para uma proposta. Talvez por ser amigo de Nathan, por ser apoiado pela loja Dudu Bike, rolou uma proposta que foi aceita. Fui buscar o quadro e garfo com o amigo, vislumbrando a montagem ainda como ela vinha na época. Quais peças vinham nela? Vc esta sentado? Então, conto com detalhes. A TREK 370 era a road bike mais simples da marca e que era trazida ao Brasil. Ela era destinada a um público exigente de acabamento e qualidade, como sempre foi a marca em questão, mas com a simplicidade que pudesse tornar viável sua aquisição. Ela custava mais ou menos o dobro de uma Caloi 12 (super italy)... elas custavam muito diferente por motivos muito óbvios para mim. A Caloi era 12 velocidades, cubo de rosca, quadro desalhinhado e componentes, evidentemente, inferiores. A TREK 370 sport possuía relação de 14 velocidades. O grupo da 370 era o modelo Shimano Exage, o mais simples da linha Road daqueles tempos. Mesmo sendo simples este grupo, a qualidade era muito grande... havia uma preocupação que inexiste hoje, sobre durabilidade, alguns conceitos que foram alterados e adaptados. Temos exemplares rodando até hoje nas ruas! O primeiro cubo de qualidade da shimano deve ter sido este projeto que originou toda linha da shimano e que se popularizou no exage.Os tempos mudaram e as propostas também! Os grupos da shimano possuem qualidade? Sim, claro... muita qualidade, estão excelentes, são ágeis, funcionais, têm um show de tecnologia que até hoje os deixa na frente no mercado. A Shimano não tem concorrente, que fique claro! Ninguém consegue produzir com preço, qualidade e abrangência como a shimano. Contudo, os componentes de 20 anos atrás tem atributos que foram abandonados por tendências mundiais. Os trocadores de marchas da TREK 370 eram daqueles de downtube... que os competidores da atualidade não usam em hipótese alguma, exceto por saudosismo. A verdade é que os trocadores de downtube são parte importante da história das Road Bikes. Isto é inegável, e o fato de que dificilmente desregulavam, também! O fixador do cabo no cambio traseiro possuia uma mola de amortecimento do excesso de esforço, isto permitia que o cabo não ultrapassasse o ponto determinado e garantindo a regulagem por muito mais tempo. Além do mais, menos conduíte, menos desgastes que também exigiam compensação, mesmo que fosse pelo ajuste fino do cabo. Afinal... pq alguém compraria uma velharia destas? Bom, acho que se vc chegou até aqui neste texto, então esta tão curioso quanto eu para ver como pode ficar um projeto reconstrutivo desta magnitude. Sabe qual é a sorte? A sorte é encontrar uma joia destas ainda com pintura original, mesmo que bem danificada. Não há amassamentos, trincas, tampouco empenamentos. E ainda tem gente que pergunta qual a vantagem deste tipo de bicicleta... não seja insensível! Alguns dos quadros de carbono com 2 ou 3 anos de idade não existem mais. hehehe
O que vejo de diferente neste projeto em relação as demais frames de Road da década de 90. Eu diria que o grande diferencial deste modelo é o design combinado com o grande espaço para as rodas, que pode fazer deste projeto um modelo de touring ou ciclocross, onde pneus e aros largos como de uma "híbrida" podem ser aplicáveis. Talvez até mesmo um 700 x 35 u 38C, acredita? Então aguarda, pq isto vai ser caso de Revista, de Bikes do Andarilho, de assunto em muita roda de entusiasta. Aqui nasce uma "randoneira", uma máquina de consumir quilômetros. Se ficar confortável, pode ser a bicicleta que me coloque de volta na estrada da longa distância. Acompanha aí...
Em tempo... O modelo que aparece na foto é 370 Fast Track, pq tinha uma configuração um pouquinho diferente da 370 Sport. Não me pergunte qual a diferença, mas vou descobrir.
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