quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Mobilidade Urbana...


É muito difícil dizer como será o futuro se tratando de trânsito e mobilidade urbana. Tenho refletido muito a respeito, e hoje pela manhã para variar peguei um ônibus de casa para o trabalho. Normalmente evito transportes coletivos, pq receio ser assaltado com o material fotográfico. Comum para mim é usar o carro, ou a bike se puder deixar o material em casa, ou se ele já estiver no trabalho. Tinha mais de 6 meses que eu não epgava um ônibus. Peguei o T11 da Carris, e fiquei de certa forma surpreso com duas conclusões. Refleti sobre o valor da passagem, e também sobre a qualidade do transporte. Acabei por me dar conta que o transporte é caro, e também muito bom de usar em comodidade para o transportado. A passagem aqui em Porto Alegre esta em 2,70 reais. Com duas passagens já é possível comer o que aqui chamamos de xisburguer (ou cheeseburguer), que se assemelha de forma caseira com um bigmac e outros sanduiches com carne. Muito caro... Mas era um ônibus longo, bastante confortável, apesas das freiadas bruuscas do condutor. Fiquei pensando que não trocaria por nada a bicicleta, exceto em um dia chuvoso. Durante um trabalho nesta semana, precisei passar pela via principal ao lado do parcão, através da Avª Silva Só, que depois passa a ter nome de Goethe. A tranqueira que havia neste trajeto, no meio da tarde não tinha explicação. É uma sequência de colocar o pé no acelerador e logo mais no freio, que até parece brincadeira. Entre um arranca e pára, logo ali na pista do lado, um carro bate no outro... motorista distraído, possivelmente entendiado com aquele trânsito que adoece até mesmo o mais saudáveis dos homens. Dado momento passava um ciclista, que eu tinha passado lá na Avª. Princesa Isabel... ele vinha num ritmo fraquinho, de passeio, de camisa social, mochila, e a perna direita da calça arregaçada para não sujar na corrente. Naquele ritmo leve, me passou, passou o sinal que logo fechou para mim novamente, e sumiu de vista. Felizmente, e aparentemente, foi respeitado pelos carros, apesas da pista estreita. A gente acaba se dando conta, que não importa... não vai mudar nada. Vai haver cada vez mais carros, cada vez menos espaços, e a bicicleta vai ser o veículo mais desejado pelo cidadão da cidade de concreto. Hoje o rapaz de camisa passa, amanhã também, e todo dia ele vai levando uma vida muito melhor. E quem estiver de carro, vai acumulando estresse. Vai somando, vai somando, até que o coração velho se arrebenta. O rapaz da camisa vai se aposentar, e o motorista nem vai chegar lá... e no fim, ele mesmo era culpado por este trânsito lento. O filho ganhou carro, o outro filho também, o vizinho fez o mesmo, os colegas de trabalho também... e acabamos por entupir as artérias das cidade e de nossos corações com estresse de um trânsito incoerente. E logo ali, dois motoristas discutiram, outros dois se bateram, e o rapazinho da camisa amarela e bicicleta preta, passou e se foi, talvez para casa antes dos carros.
Agora, brigamos uns com os outros por um gentileza de passar a vez...
A solução só pode vir de um transporte coletivo digno, ou de bicicletas. Onde cabem um ou dois carros, cabe um "lotação" com capacidade para 20 pessoas, ou 10 bicicletas, não sei exatamente as proporções, mas carros... estes não servem mais para as cidades. E as questões se misturam entre valores, custos, e  opções. Para cada coração uma escolha, para cada bolso uma escolha, para cada oportunidade, uma nova alternativa. Espero que você acredite nisto... pq logo vai ser a sua vez de escolher.

Roberto Furtado

Um comentário:

  1. Estou desde março de 2011 residindo com minha família na Alemanha e ficamos aqui até dezembro próximo. Moramos em Karlsruhe ou, para ser mais exato, em Rheinstetten, pequena cidade a aproximadamente 8 km do centro de Karlsruhe. Para nós brasileiros coisas que chamam muito a atenção são a segurança e a tranquilidade da vida européia, mas uma coisa se destaca entre muitas outras: a mobilidade urbana. Um sistema de transporte que poderia chamar de perfeito. Bondes ligam os principais bairros de Karlsruhe com todas as cidades das redondezas. Perfeitamente integrados com o sistema ferroviário regional e nacional e com ônibus que atendem locais onde o bonde não chega. Pois falar em bondes e trens me entristece ao lembrar que em nossa cidade de Porto Alegre havia uma rede de bondes ligando o centro a todos os bairros. E que haviam trens que a ligavam a todo o interior do estado. Mas voltando a Alemanha, além do sistema acima citado, existe uma rede de ciclovias interligando tudo com tudo. Circula-se de bicicleta em ruas, através de campos e plantações, ao lado das estradas. Nos cruzamentos, o ciclista (assim como o pedestre) tem preferência (não precisa de sinaleira). Nós não temos carro aqui. Vamos ao supermercado, ao centro, visitar as pessoas, de bicicleta. Existe toda uma cultura ciclística e as bicicletas são equipadas com cestos, mochilas, luzes, sem falar em reboques para crianças e compras. Na universidade e outros locais públicos, estacionamentos para bicicletas sempre lotados. Quando chove ou quando queremos, usamos o bonde. E dá para usar os dois juntos, porque aqui é permitido carregar a bicicleta no bonde ou nos trens.
    É triste ver o que foi feito com nossas cidades. Desativamos um sistema de transporte que poderia ser mais barato em função da nossa disponibilidade de energia, não poluente e silencioso. Estava tudo pronto. Claro que hoje não teríamos mais os velhos bondes, mas com certeza veículos modernos, em comboios, como aqui na Alemanha. E trens, possibilitando nosso deslocamento sem a necessidade do automóvel. A Copa do Mundo é uma oportunidade única para que saiam do papel projetos que iniciem a mudança em direção a um sistema de transporte eficiente e sustentável. Nossa experiência aqui, com certeza fará com que nos engajemos nessa luta.
    Rômulo Plentz Giralt, Arquiteto

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