Sekai, 1978. |
Shimano Nexus Inter 3 |
Dizer que reconstruir é um projeto de curto prazo de tempo pode ser um erro. Sempre vi entusiastas da reconstrução e da restauração e percebi que eles se dividem em dois grupos. Existem os imediatistas e os cautelosos. Ambos podem ser bem sucedidos na tarefa, especialmente se tratando de projetos com características próprias (casos da reconstrução). A restauração é um projeto que normalmente não me interessa... A verdade é que uma vez restaurada, a bicicleta não é de verdade uma bicicleta original. Então, lamentavelmente, para os mais exigentes, não existe uma bicicleta inteiramente original após a restauração. Isto não quer dizer que restauração ou reconstrução não devam ser realizadas. A expressão veio de um amigo da pescaria, mas cabe perfeitamente para exemplificar esta questão: "O peixe é meu e faço que quiser com ele!" Referindo-se a soltar o pescado pq o pescador tem seus próprios ideais.
Durante algum tempo pensei muito sobre o que fazer com esta bicicleta que não possuia mais o selim e os aros originais. A pintura estava ausente em alguns lugares e os tubos de aço Tange estavam "cariados" em alguns lugares. Me corta o coração ver um tubo de qualidade sendo consumido por falta de proteção contra o tempo, por isto a decisão foi de realizar o jato de granalha e pintar em eletrostática. A decisão veio aos poucos, com o passar de uns 12 meses, eu acho. Então comecei a elaborar como ficaria este projeto, nada original em relação a concepção do fabricante, mas totalmente original na questão da obra reconstrutiva. Antes, a Sekai possuia rodas 27", como quase todas as road de sua época, mas agora seria rodas 700 com pneus 38. Antes eram 10 velocidades e guidão de estrada, agora passeio, posição confortável com um cubo de 3 marchas internas. O foco principal do projeto era trazer a mesma de volta as ruas com um conceito urbano, do passeio! Viável para seu uso cotidiano, a bicicleta reconstruída passou a pertencer a um novo modo de vida. Seria uma proposta totalmente descompromissada com o conceito passado. Tornara-se uma dama para desfilar nas ruas... não mais era aquela amazona implacável do asfalto. Rodaria as ruas e avenidas de um centro urbano a procura de muito mais do que emoção da velocidade. Ela andaria vagarosamente com conforto, estilo e um estilo mistura antigo e moderno. Os pneus Kenda de medida 700 x 38C foram fornecidoss pela Camptrail, possuem ótimo desenho e desempenho. Eles oferecem pouca resistência ao rodar, mas são muito seguros no asfalto e outros pavimentos. Os cubos, aros e paralamas foram fornecidos Adventure Bike Shop, assim como a pintura eletrostática. Estes aros na cor de alumínio natural possuem grande qualidade e se encaixaram perfeitamente no projeto. O cubo traseiro Simano Nexus de 3 velocidades e freio tipo contra pedal garantiu eficiência, conforto, segurança e um visual limpo para a bicicleta. Este visual limpo era uma das metas do projeto, não poderia ser feito de outra forma sem um cubo de marchas internas. Com relação aos paralamas fiquei muito satisfeito pela qualidade, visual e perfeita adaptação. Estes paralamas possuem grande facilidade para serem instalados, conforme descreveu Carlos (Tchaka), nosso especial mecânico e colaborador.
O guidão e avanço (mesa) foram escolhidos devido ao tipo de aparência se tratam de peças de muito garimpo, pois não são encontrados com facilidade no Brasil. Mesas e guidãos de Cr-Mo, ainda mais com este acabamento niquelado, são extremamente raros, ainda, pelo menos por aqui.
A bicicleta ficou com um visual muito atraente... quem observa a imagem pode perceber que se trata de um um exemplar simplista e ao mesmo tempo requintado. Certamente é uma peça que se encaixaria perfeitamente no cotidiano das ruas de cidades com cenário clássico, como Porto Alegre. Atenderia vitrines e comerciais pela qualidade final do projeto, mas como sempre digo... bicicleta é um veículo para ser usado, não para ser guardado. Por este motivo finalizo com roda pra frente...
Agradecimentos a Adventure Bike Shop, do amigo Ricardo Machado, também a Camptrail do amigo Tiago Lumertz, e por fim e não menos importante... ao mecânico e amigo Carlos W. Horn, vulgo Tchaka. Sem este apoio não seria possível finalizar o projeto. Para saber mais deste projeto, vc pode acompanhar a Revista Bicicleta, possivelmente edição de março de 2014.
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