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O Vento |
Tem algum tempo que penso em escrever este post. Quando assisto a uma prova de downhill percebo que ocorre um diferente clima no ar entre os esportes da bicicleta. O valor atribuído aos melhores é na forma da perfeição das descidas. O mais rápido vence, pois ele luta contra a montanha por segundos a menos. A briga é totalmente individual, como na superação pessoal de um audax, a mero exemplo. O valor esta na superação, e no fim são comparados os tempos e assim atribuídas as colocações. No Audax, obviamente isto não interesse, tampouco importa. Contudo, entre os esportes competitivos da bicicleta, isto ocorre da melhor maneira. Não há aquela clara competição entre as estrelas que despencam na ladeira. Os atletas, eles são formidáveis. Dá gosto de estar entre eles, visualizar o carisma, o carinho que existe fora das pistas. Entre os meninos que se destacam, já escrevi um pouco sobre eles... Não mais importantes que todos os outros que também praticam o esporte, estão estes dois que descem a ladeira com o olhar que não podem ser copiados. Ambos parecem tímidos, despertam ainda mais a curiosidade naqueles que os admiram. O que eles vão dizer? Todos aguardam, e muitas vezes permanecem calados, como se houvesse algo para esconder. É pureza mesmo! Talvez tenham poderes de semideuses, talvez seja um talento nato, talvez uma fúria despertada pela timidez. O que seria este sentimento que os move feito "doidos" na pista que corta o mato? A curiosidade me bate, sempre questiono, pouco consigo saber. Há muita bondade e humildade em ambos, isto é notável. Seriam anjos? O menino fantasma, desce com fogo nos olhos, rápido, na linha de chegada, quase não há fôlego. Quantas vezes já foi comentado pelas bocas dos espectadores, apontado como mais rápido dos ciclistas. Prova foi um excelente campeonato em 2012. O Vento é conhecido como Zottis. Maicon Zottis é outra lenda, talvez a mais antiga delas aqui no RS. Quem é tu, menino que corta o vento? Vento que engana o vento, sangue nos olhos! Desceu tão rápido em Nova Petrópolis que praticamente não desviou da árvore. O resultado foi um pancada de raspão que lhe atribuiu uma pequena lesão no ombro... mostrava ele após receber o troféu de campeão. Podemos saber muito pouco sobre o vento, mas para aqueles que conseguem juntar os fatos, fica a sugestão de que ele é o vento. Assobia o ar movido com força entre árvores, ele passa, o ruído vai diminuindo, e então fica o espectador pasmo. Muitos dizem: " Como é que ele consegue?" ou "O que foi isto?", talvez um "Credo!"
Eu, na condição de registrador de eventos, penso que eles são anjos que vieram alegrar os bordos das pistas, incentivar aqueles que gostariam de ser heróis em um Domingo. Não tenho dúvidas quanto a força do coração destes meninos, pq somente um bom coração pode fazer a crença virar realidade de quebrar as leis da física. O Menino Fantasma e o Vento são amigos! Eles escondem um algo diferente dos demais, um segredo de superação, mas não é por mal. Talvez eles nem saibam pq são assim, eles são nossos heróis. Eles simplesmente são como são por sua natureza. Desejo ver este duelo pacífico por muitos anos. Espero que eles sejam a inspiração de tantos outros, pois esta seria a semente da esperança lançada no mundo. Onde ídolos são perfeitos nas pistas, bons exemplos nos bordos, e a conscientização de uma nova geração que esta por vir. E talvez um dia, tenhamos sorte de presenciar outros heróis que despertam curiosidade. O vento contra o tempo, o fantasma contra a ladeira. Assim, seguem as lendas...
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