sábado, 4 de setembro de 2010

Garfo Rígido

O garfo rígido é um identificador da personalidade do ciclista. Ciclistas que utilizam garfos rígidos, podem ser minimalistas, ou conservadores (quando o assunto é bicicleta), ou simplesmente preferem ter uma bike mais ágil e leve. Alguns preferem condenar a flexibilidade oferecida pelo Cr-Mo e pelo tradicional aço, por garfos rígidos de alumínio. Imagine só uma bicicleta com garfo rígido de aluminio, com canelas retas e normalmente mais curtas. Um garfo assim é totalmente rígido, não absorve nada. Já um garfo de Cr-Mo como o que aparece acima, é uma absorvedor dos impactos e oscilações de desaceleração. É perfeitamente possível observar ao trafegar em uma ruma de calçamento ruim, o trabalho exercido pelo garfo rígido, onde ele se desloca para frente e para trás, e para cima e para baixo (este você não vê, apenas sente). Houve este tempo que sempre trago de volta do passado para o presente, onde os maiores fabricantes fizeram peças incríveis, verdadeiras máquinas de absorver impactos. Leves, funcionais, discretas, ao estilo do garfo que aparece na na foto. Combinadas a peças de alumínio polido dos cubos e freios, caixa de direção niquelada, o resultado era um acabamento que enchia o ânimo do ciclista. Cuidava ele de seu brinquedo, a máquina de fazer horas de liberdade... o momento espiritual, sagrado, como numa sala sem interferências de terceiros. Assim lembro de mim, dentro do meu quarto em dias de chuva, olhando para o quadro GT Karakoram 1996 que tinha pendurado na parede, a espera de ter o dindin para montar mais uma máquina voadora. Tinha ela também garfo rígido... acima das gancheiras, um chanfro com acabamento da GT em baixo relevo, simplesmente belo.
E existem aqueles que acham o garfo rígido ruim... mas prefir pensar que eles não conheceram verdadeiros garfos rígidos e seus benefícios. Tais como um sprint de última hora, uma subida íngreme no pedal de pé, coisas de quem já teve energia para brigar com ladeiras nos dois sentidos. E é claro... meninos viram homens, e homens envelhecem, alguns esquecem, outros lembram sempre, contam sonhos e verdades de um tempo que não volta mais, talvez, como garfos rígidos da década de 90...

Roberto Furtado

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