terça-feira, 6 de agosto de 2013

O Brasileiro de downhill que ninguém vê... isto não tinha!

Esta é uma crítica construtiva sobre um evento de relevância nacional. Espero que todos possam refletir e visualizar os apontamentos com inteligência e caráter. Foram dias especiais para todos nós, envolvidos e apaixonados pelo DH. O esporte que mais cresce no Brasil tem falhas de organização, evidências de uma prova de grande importância. Somos um país jovem, cheio de problemas, e estamos rumo ao crescimento econômico e social. O fato de não estarmos preparados para realizar eventos desta magnitude, não significa que não devemos fazer... Devemos fazer, com atenção especial a segurança, saúde, e sensibilidade. Se ocorreu furto de material, pecou a organização, que não tinha um segurança especializado para coibir a ação de quem poderia pegar o pertence alheio. Em terra de impunidade, a segurança privada deve estar presente! Isto não tinha! 
Durante a roda de conversas, um dos meninos do motor home falou que alguém havia recomendado não sentar ou colocar pertences no chão, pois havia infestação de carrapatos ali. Durante algumas vezes, flagrei os aracnídeos subindo-me nas roupas vestidas. Chegando em casa depois de uma viagem de 26 horas de carro, de Macaé para Porto Alegre, a primeira coisa que fiz foi juntar todas as minhas roupas em canto de casa. Fui ao banho, e ao me despir, encontrei um carrapato grudado abaixo do braço direito, quase nas costas. Liguei para amigos sanitaristas, pois minha esposa é veterinária, e muitos dos colegas dela são meus amigos, inclusive um deles é meu amigo de infância. Após falar com eles, pesquisei na internet. Descobri que o carrapato que infesta largamente a região é chamado vulgarmente de Carrapato Estrela. Este Carrapato pode ser hospedeiro de uma bactéria perigosa, responsável pela doença chamada de Febre Maculosa. Quem estiver duvidando, basta pesquisar... sempre digo, para derrubar a dúvida ou ignorância, basta ler. Há casos de morte de pessoas que apresentaram a doença, bastando que o carrapato esteja "contaminado" com tal agente. Recomendo o máximo de cuidado a todos que estiveram no Brasileiro de downhill, pois não é preciso sentar ao chão para que os danados subam na roupa. Eles caminham vagarosa, mas firmemente. Com o sacudir das roupas você não consegue se livrar deles, pois estão bem agarrados pelas pernas possantes, embora curtinhas. Um aviso de cautela sobre este risco por parte da organização, isto não tinha!
Sobre outro aspecto de segurança, pedi a um fiscal que retirasse uma pedra que considerei perigosa, baseado na experiência de fotografar muitos eventos do downhill. Para quem desconhece meu trabalho, tenho aproximadamente 30 provas de dh em minha trajetória, sendo em grande maioria provas do campeonato gaúcho (mesmo com problemas, apontado com o melhor campeonato estadual do Brasil), e dois mundiais. Poucas vezes vi fiscais de prova tão despreparados... e nesta condição de despreparo ainda havia o problema de estarem sem comunicação nos pontos onde estavam instalados. Não havia rádio de comunicação com vários deles. Descobri quando um jovem de rígida se estatelou em minha frente... De imediato pedi para o fiscal passar um rádio, e ele disse que não havia um. Então perguntei para ele como ele ia fazer para avisar que o rapaz precisava de ajuda. Ele não sabia responder... a culpa não era do fiscal, ele era apenas despreparado, e estava sem os recursos necessários. Estrutura para alguns dos acidentes foi falha... rádio, um acessório inevitável para isto, não tinha!
Para quem estava acampado na região, o único banheiro disponível no acampamento não possuia água quente. Como fazia frio a noite e no início da manhã, muitos pilotos tomaram banho frio. Alguns reclamaram da quantidade insuficiente de banheiros. Uma boa estrutura de para higiene pessoal, não tinha!
Alguns ciclistas relataram um resgate que levou mais de 30 minutos... em um ponto de difícil acesso, vários pilotos improvisaram uma maca feita com galhos e fita de contenção. Devido a demora e ao despreparo da organização, os próprios pilotos realizaram o primeiro atendimento deste atleta, algo lamentável e inaceitável para um brasileiro de DH. 
Outras situações desnecessárias como o relato de Tiago Lumertz que foi "orientado" por gritaria grosseira por uma suposta funcionária da CBC, tendo diversas testemunhas que afirmam o ocorrido, descrevem mais uma face do despreparo. "Isto jamais poderia ter acontecido, nunca fui tão humilhado por alguém como nesta situação", conta Tiago Lumertz, ainda chateado com o ocorrido. "Tudo isto pq a organização resolveu bloquear o acesso de carros particulares até o ponto onde os ciclistas precisavam largar. A distância é muito grande para chegar no local, empurrando a bicicleta ou pedalando sobre ela, o ciclista já largava no ponto determinado cansado. Não podemos esquecer que os ciclistas fazem este trajeto várias vezes ao dia, durante alguns dias", completou Tiago.
Outro curioso fato ocorreu durante a premiação da categoria Elite, onde um renomado piloto que trabalhava na organização, acusou outro lendário piloto por furto... exatamente nestas palavras: "O ladrão do meu capacete é ...... ..........!" 
Estes e outros ocorridos, alguns de menor importância apontam um grande problema na organização. Se não há verba para fazer, não façamos! A segurança e a higiene devem ser prioridade... isto sem falar que muitos reclamaram de tempos de descida. Gringo, piloto experiente da Guenoa, ano passado 4º colocado no Brasileiro de DH, disse: "Fiz uma descida oficial muito mais rápida que no dia anterior, e melhorei meu tempo em apenas 2 segundos, não me parece certo!" Como não havia como comprovar, muitos se calaram, mas muitos questionaram seus tempos. A sugestão das equipes para o próximo ano é que sejam colocados auditores não ligados a organização para acompanhamento dos tempos, pois esta seria a única maneira de confirmar se ocorre erro na tarefa de registro de tempo nas descidas. Infelizmente, um fiscal para tirar esta dúvida, não tinha... mas isto é papel para as equipes, não para a organização. Unindo esforços e cobrando melhorias, podemos construir provas com qualidade internacional. É uma necessidade, uma oportunidade de transformar o dh brasileiro em referência mundial. Atletas nós temos... basta que ofereçamos condições para eles despontarem!

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