terça-feira, 10 de junho de 2014

Os quadros de aço e o mercado


O momento e as questões da bicicleta de aço
Um novo perfil de consumidores e uma nova questão. A verdade é que corrosão foi considerado um problema do passado, utilizado para lançar o alumínio como material tecnológico. Evidente que se tratava de uma questão de interesse na condução dos mercados nacional e internacional. Há tempos, quando este que vos escreve era chamado de louco por vendedores e lojistas pq dizia que o Cr-Mo regressaria das cinzas para cobrar sua parte insuperável, os aços eram pouco a pouco esquecidos, ficando com destaque das bicicletas de pior qualidade existentes no mercado. As bicicletas de aço vendidas em supermercados e fabricadas por empresas que não possuíam atributos tecnológicos para agregar valor ao material, eram duplamente prejudicadas. Primeiramente, as bicicletas em questão utilizavam o pior aço encontrado no mercado, seguido de um péssimo tratamento contra corrosão. Em segundo lugar, e não menos importante como problema, tais bicicletas não possuíam um mínimo de alinhamento, algumas faziam duas marcas de pneu ao rodar na areia. Não é brincadeira um fabricante fazer uma versão "carangueijo" de duas rodas... apenas uma referência ao animal que anda para os lados! Isto é uma piada de mau gosto, como é também a conduta de um fabricante que quer apenas faturar despejando algo que tem destino certo... o lixo! Ninguém cativa o gosto por andar de bicicleta se desfrutar de uma "porcaria". É fato...
E o que surge primeiro como problema? Bicicleta desalinhada não é fabricada com aço de qualidade pq perde facilmente o interesse do proprietário? Um conjunto de fatores... meu avô chamava isto de "investir coisa boa em coisa ruim"! Referia-se a gastar tempo e dinheiro para projetos sem qualidade!
Quando uma nova tendência surgiu, esta dos adoradores de bicicletas antigas... um vintage, old school, dos perseguidores de quadros antigos, relembrou-se a questão da corrosão. Corrosão não é doença terminal... até pode ser, mas para isto, imagine um descaso total do proprietário com este projeto. Canotes, mesas e movimentos centrais grudados? Certamente que houve uma grande desatenção por longo período para que isto se tornasse uma realidade. Bons mecânicos engraxam bem o movimento central... uma vez engraxado, mesmo em periódicas lavagens não se consegue remover o lubrificante protetor. Canote e mesa... da mesma forma! Só o abandono e descaso permite a ocorrência deste "grudamento", onde oxidações de uma pesa se fusionam com oxidações da peça que se encontra em contato. Nada justifica um problema desta natureza... nem mesmo a oxidação de tubos internos de frames de aço. Uma vez desmontados, graxa por dentro dos tubos que se tem acesso... o calor do sol e a trepidação faz o restante. Confesso que não entendo quando vejo frames destruídos por corrosão. 

Corrosão no aço Cr-Mo
É um pouco complicado explicar as diferenças dos materiais sem que as pessoas entendam de química e física, e dos próprios materiais. Um fato importante para abordar é a diferença na corrosão de um aço de menor e maior qualidade... existe uma diferença. O aço tradicional sofre corrosão de forma muito mais intensa do que os aços de qualidade. Tais ligas especiais possuem justamente esta finalidade, dentre outras. A relação de material removido por oxidação é diretamente ligada a condução elétrica deste material, diretamente ligada a redução. Alternativas são utilizadas para minimizar estes efeitos. O próprio Cr-Mo, independente de tipo (são várias as combinações de elementos no aço), se apresenta com uma corrosão com "desenho ou textura" diferente. Quem conhece materiais, mesmo que não saiba de qual elemento é fabricado, ao observar a corrosão já compreende mais ou menos o tipo de aço utilizado no projeto. 
A bicicletas de Cr-Mo da época de ouro da bicicleta...elas são centenas de milhares nas ruas, modestas, minimalistas! Tubos delgados, se parecem modelos... são delgadas e charmosas com soldas finas e fortes. Elas são uma obra de arte que venceram o tempo... vejo-as nas ruas rodando como cavalos de guerra após 15-25 anos, algumas, impecáveis! Outras apresentam amassamentos, consertos por fadiga, repintura... se compreende devido ao uso. Afinal, quantos são os carros de 25 anos que vemos nas ruas ainda? 5%? Acho que menos... 
É um assunto infinito, técnico, social e fabuloso... as bicicletas de aço! Elas nunca mais cairão de moda... foi um erro da sociedade, uma jogada do mercado! Haverá espaço para elas pela eternidade. Os lojistas e distribuidores que se atualizem, pois estão "marcando touca!" Ou somos loucos em ver tantas nas ruas, valorizadas em negócios cada vez mais elevados em valor de "usados", ou realmente sua demanda superou sua disponibilidade. Acordemos... 

2 comentários:

  1. Boa tarde!
    Gostei desta postagem, pois sou amante das antigas maravilhas de duas rodas, principalmente as que utilizam "luvas" na junção dos tubos, como uma NSU 1951 que possuí e me arrependo muito de ter vendido e também como uma Caloi 10 acho que fabricada em 1993, ambas ótimas de se pedalar, uma experiência inesquecível!
    Abraço!

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  2. Muito boa a postagem, também gosto de bicicletas com quadros de aço. Contudo, moro no litoral e corrosão aqui é muito forte. Acho perfeitamente viável quadros de alumínio e os demais componentes menores em aço inox. Os iates chegam a ter toneladas de aço inox em suas estruturas. Bicicletas utilizariam apenas alguns quilos. Ademais, a utilização de lubrificantes para minimizar os efeitos da corrosão acaba se tornando uma problema ambiental. As constantes chuvas no litoral acabam removendo os lubrificantes das bicicletas e distribuindo na redes de águas pluviais que irão despejar no mar. Abraços.

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