terça-feira, 31 de março de 2015

Flagrante do Andarilho... Ciclovias - quem pode usar?

Foto: Roberto Furtado
       Durante uma ida ao centro de Porto Alegre para fotografar a feira do peixe e outras pautas do cotidiano, me deparei com uma reflexão obrigatória. Passava um ciclista com uma bicicleta de carga carregando galões dágua e no caminho estavam pedestres. Buzinadas com a boca resolviam aparentemente a questão, considerando que naquele momento a baixa velocidade da bicicleta permitia a percepção e o reflexo dos pedestres sobre a tal bicicleta. Em dado momento... observei que de longe vinha um cadeirante. Na calçada estreita e com muitas pessoas mal educadas, ele vinha empurrando seu "aparato" libertador que o coloca na condição de cidadão livre. Possivelmente cansado de enfrentar aquela multidão, desistiu e jogou-se sobre a ciclovia... a bicicleta desviou, pois não havia um momento apenas para bicicleta, cadeirante e pedestres. Havia também, alguns pedestres. Diante daquilo fui em busca de respostas na condição de observador, sem saber como é ser cadeirante, sem saber como é pedalar diariamente sobre aquele local. Pensei que os pedestres invadem e se deslocam rapidamente pela ciclovia, sem a menor preocupação de que aquele local é uma via de exclusividade. Ciente de toda aquele dificuldade do cadeirante, não pude pensar em outra coisa que não fosse o direito de ir e vir pela rua. Ninguém deve ter seu direito coibido... menos ainda alguém que pratica seu deslocamento com tanta dificuldade. Ao que parece, o CTB não considera a cadeira de rodas um veículo. Mesmo assim, prefiro pensar que todos presentes naquele momento não se oporiam a situação do vivente trafegar pela ciclovia. A calçada não é nada... não é caminho para quem precisa de verdade. Não é opção para o ciclista por lei, tampouco via de qualidade para um cadeirante... apenas para pedestres. Aliás, calçada passeio não é referência de qualidade de rota nem para pedestres, que se não olharem para o chão, tropeçarão! Agora, do ponto de vista humano, penso que calçada ou ciclovia deveria ser um direito para o cadeirante, pq na ausência de qualidade em uma das opções, a melhor passa a ser a forma de se deslocar. Por outro lado, bicicleta sobre ciclovias são um direito de seu condutor, e se assim recebem obrigações e direitos, como trabalhar nas responsabilidades em um acidente que envolvem pedestre, cadeirante e um ciclista? De quem é a "culpa" se um ciclista atropelar um cadeirante ou um pedestre? Eu não sei o que pensa a lei sobre isto... mas receio que seja outra resposta de amplitude relativa e imprecisa. Quem deve, como, quando, em que condição... aparece no CTB, mas e as condições destes espaços destinados a mobilidade e que não são ideais a nenhum destes grupos. Como fica? Como na imagem acima, me incomoda muito mais ver pedestres distraídos sobre a ciclovia e, que impedem o trânsito de um cadeirante, do que ver que o ciclista mais uma vez teve um direito negado. É um assunto polêmico... aparentemente sem solução para o perfil de cidadão brasileiro.  

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