Ser voluntário de um Audax é uma tarefa de grande emoção. Quando se vive um Audax (fiz três 200 km e um 300km, falhei num outro 300 km), a gente sabe que é um belo desafio, e quanto isto representa para o ciclista e para nós mesmos, os voluntários. Voluntário é um nome estranho, pq de maneira geral sugere gratuidade, mas o voluntário recebe algo em troca... recebe alegria e reconhecimento. Nem sempre funciona assim, é claro, mas em muitas vezes sim. E nestas oportunidades é que se tem a recompensa de estar ajudando. Muitos dos ciclistas são nossos amigos, e se não são... acabam virando. Esta é a mágica do Audax, a integração de uma família ciclística que parece pequena, mas que move uma comunidade formada por diversos perfis profissionais... do mais simples trabalho, ao mais reconhecido, sendo um pouco injusto pq existem estas diferenças. Diferenças das quais não acredito, mas presencio e reconheço. Diferenças que os homens reforçam com ações como cotas reservadas em universidades pela cor de pele, e outras formas reconhecidas de se praticar preconceito legal. Não entraria nesta questão se não fosse apenas para explicar que sou um vivente que acredita num mundo justo, sem diferenças, sem razões para nos diferenciar. E vejo no Audax um momento para quebrar esta tensão superficial social, vejo num audax pessoas diferentes, mas iguais. Solidárias, coerentes, sonhadoras e esforçadas. Pensando assim, me encho de entusiasmo, e fico ali na beira da estrada na espera da passagem de um ciclista da prova... louco para torcer, incentivar o colega, mas contido pelo regulamento da prova, onde posso apenas fiscalizar e garantir a segurança do participante. E no papel de fotógrafo eternizar o momento deste outro vivente que é como eu, e sente felicidade por ter uma magrela e a liberdade temporária.
Roberto Furtado
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