Bom, aos curiosos amigos devo explicações... então diretamente a elas iremos. Na sexta feira partimos do DC Navegantes, com testemunhos de alguns amigos ciclistas e companheiros de tantas indiadas. O grupo era composto por apenas 6 ciclistas. Logo de início, passando as pontes, eu e o Ricardo apertamos o pedal e "deitamos o cabelo". Média baixa para alguns que parecem "dicorrida", mas ótima média para simples audaxiosos. Fizemos um rendimento bom para uma noite que em alguns trechos não possuia visibilidade maior que 10 metros, se tanto. Chegando na altura do Pesque e Pague Panorama, comecei a sentir o joelho direito. Comecei a refletir sobre o problema, e até fiz uma tentativa de alteração do canote do selim. Achei estranho, pois a distância percorrida era semelhante a do passeio de Gramado, realizado duas semanas antes, com a mesma bicicleta. Não entendia o problema... se era eu ou bike. Seguindo em frente, os próximos 50 km fora difíceis, inclusive numa subida monumental em vale verde. Chegamos ainda na penumbra na padaria e Mercado Schuster (não sei se escrevi corretamente). A dor no joelho se manifestava forte, e pensei logo que seria muito difícil que esta me abandonasse. Mesmo assim encarei o problema de frente e disse ao Ricardo para não se preocupar comigo, pq provavelmente não conseguiria manter o ritmo. Alcançamos o Panorama no retorno, e agora faltavam 100 km, aproximadamente. Quando desci da bike descobri um pesadelo na forma de dor nos dois joelhos. Ambos doiam... falei com os colegas, ao telefone, e com o Ricardo, assumindo a derrota. O encorajamento dos amigos me fez pensar que um analgésico e paciência poderia me dar alguma chance de completar os últimos 100 km. No sobe e desce da estrada feita entre coxilhas, percebi em cada subida que se tratava de um filme de terror. Me achava experiente suficiente, e bom biker para enfrentar os 300 km. Por outro lado sabia que não havia lógica, pq não me sentia preparado para um 300. Justamente pq este ano não havia feito um passeio sequer, com mais de 100 km. Foi então que aceitei o castigo, completando apenas 223 km. Desisti pq na última lomba a subir, a dor foi tanta que me arrancou uma lágrima... sentei no chão, sob o sol e esperei. Subi novamente e pedalei até o próximo posto de gasolina, onde seria socorrido. Neste posto, alguns minutos depois, passavam por mim os 4 companheiros de prova. Cansados, mas firmes para a conclusão. Fiquei feliz por eles. Voltei para casa um tanto quanto chateado, pois já tinha semanas ou talvez meses que eu pensava neste dia. De uma coisa sei... a gente deve ouvir o coração da gente, deve dar uma chance para a consciência poupar o corpo. Talvez não estivesse pronto mesmo, talvez fosse um problema de ajuste na bike, o que importa é que deixei de me divertir, talvez por desatenção, de mim mesmo. Me senti um vencedor pq pedalei mais de 100 km com dor, por ter superado um grande trecho com frio e dor. Se me perguntam se faria novamente, direi que sim... pensarei melhor, mas farei novamente. Outro lado positivo da experiência, sobre o ajuste perfeito do guidão. As manoplas foram perfeitas, não senti qualquer dor nas mãos, braços e costas. Estava simplesmente perfeito neste sentido.
Obrigado a todos, a Sociedade Audax, aos amigos presentes, também aqueles que acompanharam esta história.
Um forte abraço
Roberto Furtado
Amigo Roberto,
ResponderExcluirconversamos um dia antes, deste a entender que não estavas te sentindo muito confortável para véspera de prova, agora leio "Logo de início apertamos o pedal e 'deitamos o cabelo'", quem sabe esteja aí a explicação, foi bom teres parado, assim breve retomarás com o sucesso que te é peculiar.
Forte abraço,
Gelson